Com line-up recheado de estrelas da música alternativa, segunda edição
No próximo sábado, dia 6, às 20h, o Sesc Rio Preto traz o espetáculo de teatro “Um Jardim para Educar as Bestas”, uma criação de Isa Kopelman, Marcelo Onofri, Eduardo Okamoto e Daniele Sampaio. Antecedendo a peça, a partir das 10h, o ator Eduardo Okamoto, também conduz a oficina “Práticas corporais para o cultivo de si”. Tanto os ingressos para o espetáculo, assim como as inscrições para a oficina já estão disponíveis no site do Sesc, no aplicativo Credencial Sesc SP ou presencialmente na Central de Atendimento. Os valores dos ingressos variam entre R$ 8,00 e R$ 25,00 já a participação na oficina é gratuita.
Um Jardim para Educar as Bestas, com dramaturgia inédita, parte da reescritura de um dos trinta e seis capítulos do livro “Homens Imprudentemente Poéticos”, de Valter Hugo Mãe, “A Lenda do Oleiro Saburo e da Senhora Fuyu”. Originalmente ambientada no Japão, a trama é transposta para o sertão brasileiro, em diálogo com textos de Ariano Suassuna, Guimarães Rosa e Euclides da Cunha. A obra é uma parábola do Brasil atual, frente ao crescimento da incivilidade e mostra-se como um modo de resiliência, misturando manifesto e paciência. Além disso, a dramaturgia homenageia a imigração japonesa no sertão da Paraíba, especialmente dois de seus personagens fundamentais: o Seu Inhês e a sua esposa, Marly.
O impulso para o processo criativo reside em estudos de Okamoto sobre a cultura japonesa e, em especial, a dança butô – manifestação criada a partir de 1959. Em 2019, depois da eleição da ultradireita no Brasil, um professor desta dança, em um festival na Alemanha, provocou o ator: “É hora de criar a sua própria revolta na carne”, referindo-se a um dos trabalhos icônicos de Hijikata, criador fundamental do butô.
“Naquele momento, eu pensei que, num contexto de barulho, exposição nas redes, disputas de narrativas, poderia haver revolta no silêncio. Seria possível não reagir ao que está dado, por princípio, para tentar imaginar outra coisa?”, perguntou-se o ator. A inquietação remeteu-o a personagens de “Homens Imprudentemente Poéticos”, de Valter Hugo Mãe. Estes são artesão de leques e oleiro: homens que se dedicam à arte com recolhimento e como forma de cultivo de si. Assim, reuniu o grupo de trabalho, que logo tornou a empreitada coletiva.
Na fábula, por três vezes, o vizinho prevenira o Seu Inhês de que um animal esfaimado haveria de atravessar o mato para matar a sua esposa, a Senhora Marly. Decidido a mudar a natureza, o lavrador haveria, então, de fazer do Sertão um jardim sensível, uma obra a amansar qualquer animal zangado. Aquele jardim estimularia uma meditação sobre o vazio e as suas belezas, uma espécie de catequese do nada. Os bichos aprenderiam a piedade pelo susto de uma beleza exuberante, o “eco do oco” que há no mundo e em cada um de nós.
No mesmo dia, a partir das 10h, Okamoto conduz a oficina “Práticas Corporais para o Cultivo de Si”. No encontro, o ator propõe uma reflexão sobre como a relação entre mente e corpo pode ser treinada e aprofundada, proporcionando um cultivo de “Si”. Na vivência, Eduardo procura trazer aos participantes parte dos pensamentos do filósofo Yasuo Yuasa, assim como das experiências que o ator teve, como aluno, com diferentes artistas com origem nipônica, como Yumiko Yoshioka e Yoshito Ôno. A oficina sintetiza parte destes estudos, tomando-as como experiência de cultivo do corpo-mente.
Sobre o espetáculo
Em março de 2021, “Um Jardim para Educar as Bestas” realizou uma abertura de processo criativo na Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – que, naquela ocasião, por conta das restrições sanitárias, realizou a apresentação virtual de um conjunto de trabalhos na sua plataforma MIT+ (www.mitmais.com).
Entre abril e maio de 2022, o espetáculo compôs uma Residência Artística no Sesc Jundiaí e no Sesc Campinas, tendo estreado oficialmente na Mostra Internacional de Teatro de São Paulo em junho de 2022. O trabalho foi ainda apresentado no Sesc São José dos Campos e no Sesc Santos.
Sobre a equipe de criação
Eduardo Okamoto é ator, Bacharel em Artes Cênicas, Mestre e Doutor em Artes e Livre Docente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde leciona. Realizou estágio de pós-doutorado na Goldsmiths University of London.
Apresentou-se na Espanha, Suíça, Alemanha, Marrocos, Kosovo, Escócia e Polônia. Em sua trajetória, destacam-se, os espetáculos: “Agora e na Hora de Nossa Hora” (2006); “Eldorado” (2009); “Recusa” (2012); “OE” (2015); “O Dragão de Fogo” (2017). Foi duas vezes indicado ao Prêmio Shell (2009 e 2012) e recebeu o Prêmio APCA (2012).
Isa Kopelman é atriz, diretora, dramaturga, tradutora e pesquisadora teatral. Graduada em Letras-Inglês pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Puc e formada pela Escola de Arte Dramática de São Paulo, é professora do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp.
Marcelo Onofri é pianista, cantor, compositor e arranjador. Estudou na Escola de Música de Brasília, no Conservatório Carlos Gomes, na Unicamp e na Escola Superior de Música de Viena (Áustria). Regeu o JedwederKüchenChor, fez direção musical do Serapions Theater e foi ator e compositor no Studio-BühneVillach (Áustria). É professor no Departamento de Artes Cênicas da Unicamp.
Daniele Sampaio é produtora, curadora, pesquisadora de políticas culturais e fundadora da SIM! Cultura. Doutoranda em Artes Cênicas pela Usp e autora de Agentes Invisíveis e Modos de Produção nos Primeiros Anos do Workcenter of Jerzy Grotowski (2020) e Elaboração de Projetos para o Desenvolvimento de Agentes e Agendas (2021), ambos pela editora Javali.
Sobre o Sesc São Paulo
Com 76 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 44 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações em www.sescsp.org.br/pt/sobre-o-sesc.
SERVIÇO
Espetáculo – Um Jardim para Educar as Bestas
Uma criação de Isa Kopelman, Marcelo Onofri, Eduardo Okamoto e Daniele Sampaio
Por três vezes, o vizinho prevenira o Seu Inhês de que um animal esfaimado haveria de atravessar o mato para lhe matar a sua esposa, a Senhora Marly. Decidido a mudar a natureza, o lavrador haveria, então, de fazer do Sertão um jardim sensível, uma obra a amansar qualquer animal zangado.
Dia 6, sábado, das 20h às 21h.
Local: Área de Convivência
Ingressos:
R$ 8,00 (credencial plena)
R$ 12,50 (meia entrada)
R$ 25,00 (inteira)
Oficina – Práticas Corporais para o Cultivo de Si
Com Eduardo Okamoto, ator
Dia 6, sábado, das 10h às 13h.
Local: Sala de Expressão Corporal 2
Inscrições: No aplicativo Credencial Sesc SP, no site do Sesc ou na Central de Atendimento do Sesc Rio Preto.
Grátis